segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parque Estadual do Itacolomi - Ouro Preto/MG


Ainda cursando o 3o. ano do Curso de História em meados de 1996, no auge da liberdade, no início da vida Hiking/Excursionismo, perguntei durante uma aula para a Profa. Valéria Zanetti sobre como chegar ao Pico do Itacolomí. Meu objetivo era chegar a Ouro Preto, seguir a pé rumo ao maciço e acampar por lá. Barraca, botas, e os olhos estavam com pouca quilometragem e muita coragem.

No feriado de Corpus Christ de 2010, após 14 anos, me aproximei definitivamente.

No primeiro dia na terra do ouro, amanhecer chuvoso. Não avistei o "gigante".
Fotografar tornava-se um desafio. Muita luz das nuvens que fechavam o tempo e gotas d'água no constante vai e vem da garoa fria.

Segundo dia...comecei a avistar o maciço. Fui até a portaria do Parque para reconhecer o local da partida para a conquista que parecia estar breve. O tempo melhorara.

Na manhã do 3o. dia em Ouro Preto acordei na cozinha e abri imediatamente a janela: lá estava ele...aparente, despido de nuvens.
Saí a pé pelas 07h30min. Em 15 minutos estaria na Portaria.
Antes dos funcionários chegarem aproveitei pra comer e ajustar equipo.

Ganhando uma carona para poupar os 5km de subida em estrada de terra, cheguei na Sede do Parque. O guia Luciano era o responsável por acompanhar o grupo de 6 pessoas.

Em poucos minutos iniciamos a caminhada. Os rapazes à frente, eu no meio e o casal mineiro fechava o grupo.

Após sair da estrada que também leva para o Morro do Cachorro, entramos numa trilha à direita. Pegadas de Irara avisavam que o caminho era por ali.



As escarpas apareceram no vão do corredor da trilha.


A paisagem transformava-se e eu realmente acreditava que estava indo pra um lugar divino. Os afloramentos rochosos nasciam diante dos meus olhos. Um dos componentes à frente falou: parece um Parque Jurássico!
Adentrávamos ali de fato na área mais nobre pro montanhista deixando a vegetação de maior estatura para integrar os campos de altitude.

O trecho agora era de subida íngrime. Ziguezagueando ganhamos altitude rapidamente. A garoa prosseguia. O primeiro obstáculo rochoso após o primeiro lance aparece. Numa espécie de cavalinho, transpomos o mesmo e à frente encontramos com 5 montanhistas que pernoitaram no alto da Serra. Um casal, uma jovem de seus 30, outro também assim e surpresa de uma experiente mulher: 68 anos na mochila que há 5 anos pratica o novo estilo de vida.
Dessa não exitei em pedir o rosto para que eu pudesse beijá-la oferecendo-lhe uma espécie de medalha.



Os campos de altitude e inúmeras flores nos assistiam rumo à subida final. O maciço começou ficar aparente em seu lado oposto ao conhecido pelo mundo nos cartões postais de Ouro Preto.

Aproximamos do Pico do Itacolomí e pude tocar e beijar a massa rochosa. Caminhamos rumo ao mirante ali próximo. A escalada sem equipo está proibida. Surpreendentemente o maciço possui um rasgo em seu meio. Há alguns anos (cinco deles) um par de trilhos com pedras foi desmontado. Serviam de caminho para que os aventureiros pudessem chegar ao cume com facilidade. Após uma morte nessa passagem de aproximadamente 10 metros de extensão, o corpo de bombeiros local desfez o caminho.

No mirante saltamos um vão que lembra o "pulo do gato" do Prateleiras. O vento lateral impunha medo para realizar a façanha. Com a ajuda do guia Luciano, me pus a saltar, e com sucesso!

Detalhe da foto: o indicador esquerdo assemelha-se ao formato do Pico visto lá de baixo.

Os minutos correram. A tradicional foto por todos era o presente para levar pra casa. Uma massa vinha em nossa direção e seguir de volta foi sem dúvida a melhor opção.




Durante a descida Ouro Preto ficou visível.

Detalhe da praça Tiradentes ao centro.


Os demais 3 aventureiros rumavam para uma descida mais ligeira. Assim dentre instantes fiquei acompanhado somente pelo guia. Pude descer com um cidadão nativo do ouro. Um menino que conhece desde criança a serra. Sua profissão de monitor de montanha possibilitou acompanhar diversos pesquisadores das universidades locais em trabalhos de campo ampliando seu conhecimento.



O guia: cidadão responsável por guiar visitantes e o conhecimento em seu quintal natural.

Falo agora sobre a ligação do homem com a montanha, com os cristais e com a vida.
Concluí que estava diante da pedra "Ita" e do menino "Colomi" (muito bem representado pelo Monitor/Guia Luciano).

Veja vídeos da jornada em:
http://www.youtube.com/user/andreluizdetoledo

André Luiz de Toledo


4 comentários:

  1. ... "CARA" viajei no seu perfeito relato, quanto estive nessas região em 1976, tive duas oportunidades, para desbravar esse pico do Itacolomi, com um grupo pequeno de colegas do curcinho da Universidade Federal
    naquela época ainda não era Parque Estadual e sim o objeto de conquista de iniciantes no montanhismo.

    ficou marcante o frio, e a umidade, daqueles ... em que não se consegue dormir, não se conhecia o isolante térmico, nem tínhamos sacos de dormir , nem barracas, passamos a noite entre as pedra ... batendo os dentes ...

    gostoso ver suas maravilhosas fotos , André

    parabéns pela empreitada histórica !

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  2. Oi André,

    Pra variar mais um belissimo relato de sua aventura. É impressionante de como é possível viajar por suas palavras. Sempre te vi como uma grande escritor, veja como o tempo só nos melhora...

    gde abraço da sua amiga,
    Simone.

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  3. Sexta-feira, 04 de junho de 2010.

    Dois momentos não relatei no decorrer do feriado em que visitei o Ouro Preto.

    Na sexta-feira, um dia antes, pude descolar do grupo (mais do que caseiro) e fui rumo a praça Tiradentes sozinho.
    Lá tomei uma gelada e olhava para o céu girando pausadamente para guardar as luzes do museu da Inconfidência e da Escola de Minas na memória. Um daqueles momentos que queremos que dure pra sempre.

    Na rua que me levava em direção à portaria do parque, encontrei uma igreja aberta. Ajoelhei com a mochila nas costas e demais apetrechos fotográficos. Um Pai Nosso e uma Ave Maria deixei na entrada lateral observando as imagens de madeira no altar. A trilha sonora do filme Into the wild vinha à mente. Enganchei meus polegares nas alças da mochila e descí a avenida.

    Outra momento lembrei de alguns amigos na subida final. Num momento que concentração, tentei achar o número de uma amiga psicóloga, já que o meu "telemóvel" estava com chip novo com agendano Vale do Paraiba. Ela, você Simone, estava também numa empreitada de estudo e profissional.
    Lá no Mirante, gritei o nome da filha: Dalilaaaa, te amo!

    Aqui também o amigo Carlos, pra qual copio a mensagem, um abraço. Meus dois fiéis leitores das fotos e textos. Quem sabe futuros prefaciadores.

    Agradeço de coração.

    André Luiz

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