segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O PARADOXO DO ÓCIO E O RETROCESSO NA TRILHA DE UMA FALSA MODERNIDADE



O mês de julho de 2017 arrastava-se em período de férias escolares dando enquanto alguns jovens, aparentemente recém-habilitados para dirigir, cruzaram a “passarela” ciclo viária da Zona Oeste como que estivessem brincando no game GTA...”, na maior”!
No dia 28 de julho, após o feriado de aniversário da cidade de São José dos Campos, já era possível computar o balanço drástico da busca desenfreada e inconsequente da juventude joseense: divertir-se até a morte!
Assim, mais um jovem de 19 anos, perdeu a vida sentado em sua própria “catapulta”, após uma noite de diversão.
O dia ainda não terminara.
Após rumar para a única trilha que “leva para as Minas Gerais”, livre dos cerceamentos da propriedade privada, me deparei com um “adolescente de meia idade” que guiava jovens para a montanha sem aparente conhecimento dos perigos da natureza selvagem.
Ao chegar no destino para pernoite, me deparei com intrépidos aventureiros irresponsáveis que comparavam a chama da refinaria Henrique Laje com uma espécie de “olho de Thundera”!
Pobre paulista!
O que leva um grupo de jovens entre 20 a 35 anos de idade sair do núcleo urbanizado e acender sua fogueira com querosene, há quase dois mil metros de altitude? Infelizmente, os urbanoides estavam conectados à cidade por um cordão do consumo de derivados do petróleo.
Nosso objetivo de avistar a chuva de meteoritos estava ameaçado por labaredas no pé de uma araucária, pelos gritos de um grupo que perguntava madrugada adentro “Que país é esse?!”.
Infelizmente não sabem onde estão e pra onde vão frente ao país à deriva. Frases como “uso coturno para chutar a boca de comunistas”, retratam o descompasso no tempo, espaço e nas ideias.
E o mês ainda estava por acabar...
Com o nascer o Sol, avistei o complexo do Pico dos Marins e a silhueta da Serra Fina, a qual havia conquistado nos dois primeiros dias do mês corrente.
Minutos depois prestes a descer para missão Limpa-Montanha... não conseguia desgrudar os olhos e ouvidos ao movimento desgovernado dos aventureiros mantidos pela combustão da flora local. Foi então que um dos indivíduos atirou um chinelo em direção ao desfiladeiro da Área de Proteção Permanente do distrito de São Francisco Xavier sepultando ali, qualquer chance de resgate do pedaço de borracha agora condenado a apodrecer por milhares de anos.
A abordagem foi imediata. Perguntei se o rapaz iria buscar o chinelo arremessado. O mesmo disse que sim.
- Então vai! Respondi.
Indaguei a respeito de como podem passar a noite acordado versando frases de inclusão social, de descontentamento se toma atitude anti-cidadã nesse lapso de tempo onde disparou azimutando o próprio município joseense? Em um ano marcado por atos golpistas o instante não foi diferente.
Que futuro resta a esse país que nada contra a maré, que pedala contra a corrente, que atira chinelo contra o vento, que mutila a flora que nos refresca e incendeia o ar que se respira?
Cabem aos coletivos a atitude, união, organização, fiscalização e diálogo com poder público para tentar freiar o pensamento edificado na lógica do capital e do consumo.

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